terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As malditas ventoinhas......

---Bom, estas é que são então as amaldiçoadas ventoinhas, que segundo os mais velhos da Aldeia da Castanheira, "espantam as nuvens", afirmando que desde que estas lá foram instaladas, nunca mais ali voltou a chover como antes, ahhhh.....
---Bem, ao que se tem vindo a verificar este ano, arrisco em dizer que devem estar desligadas...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

VISITA À FAIA DA ÁGUA ALTA EM LAMOSO

--- Aproveitei estas mini férias de Natal e as abundantes chuvas que se têm abatido um pouco por todo o país, para realizar a visita à Faia da Água Alta em Lamoso, movido pela imensa curiosidade que tinha em conhecer este local, demandei a Lamoso para comprovar a beleza que já me havia sido relatada, daquele local.

--- Já em Lamoso, julguei que ainda não seria desta feita que conseguiria ver a famosa cascata, uma vez que após ter questionado a sua localização a dois habitantes, que muito atarefados se encontravam julgo eu, a efectuar os preparativos para a Fogueira do Galo junto da Igreja local, me responderam: “ Bô, vá-se mas é deitar que num se passa para lá, a ribeira já passa por cima da ponte e cortou o caminho.

--- Desiludido, mas não convicto do que me diziam, segui o caminho que me indicaram, e realmente deparei-me com a veracidade do facto. Mas a teimosia, virtude ou defeito, venceu, e obriguei o Panda a fazer travessia.



Indeciso e receoso da travessia....


Pelo caminho fui disparando um ou outro flash....


O ribeiro precipitava-se para a majestosa queda de água de 40 m de altura.
A 200 m deste local, já era audível o barulho provocado pelo violento impacto das águas na rocha.

sábado, 26 de dezembro de 2009

FOGUEIRA DO GALO 2009


--- Mais um Natal e mais uma vez se conseguiu manter a tradicional Fogueira do Galo.
Desta feita a cargo da Comissão de Festas de Santa Ana 2009/2010.
A afluência de público, depois da missa penso que não foi a que se esperava, mas no âmbito geral esteve bem principalmente depois dos cafés terem fechado.




FOGUEIRA DO GALO 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

ORAÇÃO A SANTA BÁRBARA

--- Velha oração a Stª. Bárbara, dizem que resulta ou resultava, uma vez que hoje em dia, acho que nem mesmo as trovoadas são como outrora.
--- Conta-se ainda que em certas aldeias, em dias de grande tormenta, se corria para a igreja, caso ali existisse uma imagem de Sta. Bárbara, e em braços a traziam para o adro, para então em redor dela se ajoelharem e rezarem à virgem, para que a natureza se acalma-se.

Santa Bárbara ou (Bárbla) bendita, que no céu estais escrita, e na terra assinalada, livrais-nos senhor desta grande trovoada.


--- É provável que possa existir uma ou outra versão diferente.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Provérbios do Mês de Dezembro

- Em Dezembro descansar, para em Janeiro trabalhar.
- Caindo o Natal à Segunda-feira, tem o lavrador de alugar a eira.
- Depois que o Menino nasceu, tudo cresceu.
- Dezembro quer lenha no lar, e pichel a andar.
- Do Natal a Santa Luzia, cresce um palmo o dia.
- Assim como vires o tempo de Santa Luzia ao Natal, assim estará o ano, mês a mês, até final.
- Natal a assoalhar e Páscoa ao mar.
- Noite de Natal estrelada dá alegria ao rico e promete fartura ao pobre.
- Dia de S. Silvestre não comas bacalhau que é peste.
- Em dia de Santa Luzia cresce a noite e minga o dia.
- Quando o ganho é fácil a despesa é louca.

-Quem pouco ganha e muito gasta, se não herdou, roubou.


AS LENDAS

De carácter utópico, fantástico ou mesmo fictício, as lendas combinam grande parte das vezes, factos reais e históricos, com factos irreais, que na sua maioria, resultam apenas do produto da imaginação do homem.

Com exemplos bem definidos por todo o país, por vezes as lendas fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicação histórico científica comprovada, como acontecimentos misteriosos, mitos, ou sobrenaturais.

Trás-os-Montes, possui felizmente um vasto património de tradição oral onde além de outros se englobam as lendas.

Dado ao fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, estas contêm pormenores próprios de cada orador, pelo que habitualmente surgem várias versões semelhantes da mesma lenda.

Assim aqui ficam dois exemplos de entre muitas outras lendas, do nosso Concelho.


LENDA DO CASTELO DE VALCERTO


Nos finais do séc. XI princípios do séc. XII, finais do reinado de D. Afonso Henriques e já quando seu filho D. Sancho exercia o poder régio, em plena época da reconquista crista, a primitiva linha de limites do condado Portucalense com o Reino de Leão, estava fixada ao longo da margem esquerda do rio Sabor, até à sua confluência com a Ribeira de Angueira e Rio Maças.
Esta raia era vigiada por fisícas sentinelas: o Castelo de Milhão, o Castelo de Santulhão (ambos já desaparecidos), o Castelo de Outeiro de Miranda do Douro (em ruínas) e o Castelo de Algoso.
Complementavam a defesa principal do sector nordeste transmontano, os Castelos de Penas Róias, e de Mogadouro.
Conta a lenda que aquando da ordem de edificação do actual Castelo de Algoso, dada por um Sr. Local, Mendo Bofino ou
(Mendo Rufino), ter-se-á gerado uma discórdia no que toca ao local onde este deveria ser edificado e por quem, esta discórdia viria a gerar uma disputa entre as povoações de Algoso e Valcerto, que reivindicavam ambas a construção do Castelo.
Algoso, defendia que este deveria ser construído pelos seus habitantes, no cimo do cabeço da Penenciada,
(localização actual), sita na margem Norte da Ribeira de Angueira, enquanto que por sua vez a povoação de Valcerto, defendia que a fortificação deveria ser erguida, por gentes daquela povoação, na margem sul da mesma Ribeira termo pertencente a Valcerto.
A falta de consenso gerada, veio a resultar num acordo mutuo, que consistiu na decisão de se construírem dois castelos idênticos, um em cada margem, sendo que aquela povoação que finaliza-se em primeiro lugar sua construção, ditaria a continuidade da mesma, enquanto que o que por último se edifica-se, seria demolido após a sua conclusão.
Após alguns meses de trabalho árduo por parte de ambas as povoações, Algoso, verificou que já mais seria capaz de acompanhar o ritmo que Valcerto impunha na construção do seu castelo, pelo que se viu obrigado a recorrer á chamada
(batota), recrutando gente de várias povoações vizinhas, tendo vindo a finalizar em primeiro lugar a construção do seu Castelo, e como constava no prévio acordo o Castelo de Valcerto, após a sua conclusão terá sido completamente demolido.




Segundo me foi contado, esta lenda surge da falta de explicação por parte dos habitantes de Valcerto ao longo dos tempos, para a existência de uma enorme quantidade de pedras, depositadas num local do termo que hoje em dia se apelida de Castelo, uma vez não haver conhecimento de qualquer construção que ali tenha existido em outros tempos, devido ao local ser de difícil acesso.

LENDA DE CASTRO VICENTE



Conta a lenda que, pelo século VIII da era cristã, quando os Mouros dominavam ainda a Península Ibérica, por terras do nordeste transmontano, havia um Mouro de seu nome Tarik que se encontrava na fortaleza do Monte Carrascal onde se localiza hoje o Santuário de Nossa Senhora de Balsemão, da freguesia de Chacim, (Concelho de Macedo de cavaleiros), este impunha as mais cruéis condições às populações cristãs. Entre essas prepotências, impôs o vil tributo das donzelas o qual consistia em que cada uma que casasse, em vês de passar a noite no leito nupcial tinha que passá-la com o execrável rei mouro.

Acontece que uma formosa donzela de seu nome Teodolinda do lugar de Castro foi pretendida pelo filho do chefe " dos Cavaleiros das Esporas Doiradas" (de Alfândega).

A jovem honesta e digna recusava-se ao casamento, para não se sujeitar ao "tributo das donzelas "que o infame Mouro do Monte Carrascal exigia.

O noivo garantiu-lhe que o Mouro não a obrigaria a prestar esse tributo, porque no dia do casamento mobilizaria os "Cavaleiros das Esporas Doiradas",

para fazerem frente ao cruel e tirânico Mouro.

Numa manhã radiosa, os noivos e muito povo dirigiram-se para a capela do Santo Cristo da Fraga, onde se realizaria os esposais. Depois da cerimónia, quando o cortejo regressava a casa dos pais da noiva, um possante e fero Mouro, cumprindo as ordens do "Emir" do Monte Carrascal raptou a

noiva e colocou-a no cavalo, sendo acompanhando por uma grande e terrível escolta de soldados mouros. Ainda não tinham chegado os "Cavaleiros das

Esporas Doiradas".

Quando estes chegaram dirigiram-se para o Monte Carrascal, seguindo à frente o noivo muito desorientado. No sopé do Monte Carrascal, travou-se um terrível combate entre Mouros deste monte e os Cristãos de Castro, de Alfândega e

demais povoações circunvizinhas.

No ardor do combate, apareceu no céu, a imagem branca de Nossa Senhora, qual Divina Enfermeira, com um vaso de bálsamo na mão a curar os Cristãos feridos que, de novo, voltaram para o combate.

O noivo conseguiu penetrar na alcova do cruel e tirânico Mouro, " o Emir" a quem, com uma espada, decepou a cabeça; e ao seu encontro, vem a sua esposa já desfalecida, mas ilesa do nefando " Tributo".

Deste acontecimento resultou o nome de Castro Vicente (em documentos antigos aparece com a designação de Vencente), pela vitória alcançada. Alfândega, nome de origem árabe (Alfândaga) recebeu o nome de Alfândega da Fé. A chacina dos Mouros deu nome a Cachim e o bálsamo com que nossa senhora trazia na mão para corar os cristãos, terá dado o nome a Balsemão.


in: Cancioneiro Transmontano


Acerca da capela do Santo Cristo da Fraga, que se refere nesta Lenda, conta-se também uma outra lenda bem curiosa, que desde já fica prometida a sua publicação neste Blog, assim que tenha possibilidade de recolher algumas fotos do local, para que esta seja de melhor entendimento por parte do leitor.


sábado, 5 de dezembro de 2009

CÃO DE GADO TRANSMONTANO

TRÁS-OS-MONTES

ADIVINHAS

Não raras vezes me recordo de em criança, me serem perguntadas algumas delas, aqui ficam algumas adivinhas retiradas do Cancioneiro Transmontano, não vale ver as respostas antes de ler a adivinha….

À meia-noite se levanta o francês.
Sabe das horas, não sabe do mês.
Tem esporas, não é cavaleiro.
Tem serra, não é carpinteiro.
Tem picão, não é pedreiro.
Cava no chão, não acha dinheiro.


Resposta: o galo.


À meia-noite se levanta o francês.
Sabe da hora e não sabe do mês.
Tem coroa e não é rei.
Tem esporas e não é cavaleiro.
Pica na terra e não ganha dinheiro.


Resposta: o galo.


Sou verde por natureza,
E de luto me vesti,
Para dar a luz ao mundo
Mil tormentos padeci.

Resposta: a azeitona.


Tenho um brinco com que brinco.
De tanto brincar me aborreço!
Quanto mais brinco com o brinco,
Mais a barriga lhe cresce.


Resposta: o fuso com a maçaroca.


Eu ao mundo dou governo,
Ao mundo governo dou.
Quando se esquecem de mim,
O meu governo acabou.


Resposta: o relógio.


Eu rindo-me, abro a boca,
Deito fora do meu peito
Uma menina mais linda que eu!
Quem a leva vai contente,
Eu fico com quem me deu…


Resposta. o ouriço.


Tem asas e não voa,
Tem pernas e não anda.
Tem barriga e não come
E dá de comer a quem tem fome.


Resposta: o pote.


Às avessas, será nome
Bem fácil de decifrar.
As direitas, só à noite
Se poderá contemplar.


Resposta: Lua.


Marme, se as ondas do mar fadais lá
Se um d e um a lhe acrescentais
Certo é que adivinhais.


Resposta: marmelada.


O que é que é, que mal entra em casa, logo se põe à janela?


Resposta: o botão.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Feira da Gastronomia 2009


---Domingo passado, por terras Ribatejanas, não pode perder a oportunidade de num pulinho, fazer uma breve visita à Feira da Gastronomia 2009, que decorre até ao dia 08 de Novembro em Santarém.
O certame realiza-se na Casa do Campino de Santarém, e ali acolhe as mais diversas especialidades gastronómicas de todos os pontos do País e Ilhas.
Alegrou-me constatar que Trás-os-Montes, não tivesse ficado de fora em mais um dos vários manifestos culturais, que cada vez mais se realizam um pouco por todo o País. Representam-nos naquele certame ao que pode verificar duas Tasquinhas Tradicionais da zona de Bragança, onde não faltam iguarias de primeiro plano, como a chouriça assada e as belas alheiras, por sua vez num outro pavilhão, também o restaurante Académico ali marca presença, onde a especialidade de referência é a afamada Posta à Mirandesa.
No que toca ao artesanato, alegrou-me ver, que além da já habitual presença das tradicionais “Navalhicas Palaçoulas”, um pequeno stand pertencente á Associação dos Artesãos do Concelho de Mogadouro, que com belas colchas de linho, dava e dará a conhecer, aos demais visitantes durante os restantes dias do certame, um pouco das nossas artes e ofícios.
É sempre reconfortante, quando longe de casa e sem contar com isso, nos deparamos com caras conhecidas ou algo que nos representa no bom sentido, os meus sinceros parabéns, á Associação dos Artesãos do Concelho de Mogadouro.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Feira dos Gorazes

Tempo de gorazes, a chamada feira de ano do Concelho de Mogadouro.

O nome gorazes têm origem medieval, assente no termo "gorax", que dá nome à feira, é de origem grega e significa carne de porco, carne esta que a seguir ao pão, constitui a base da alimentação do povo transmontano. Esta palavra foi aplicada ao certame porque era nesta feira, que se pagavam os impostos com carne de porco, segundo explica o historiador António Mourinho.
Para além disso, ditava a tradição que "os gorazes” anunciavam a altura certa para começar a época das matanças do porco e não só, pois é também nesta época do ano que se preparam os campos para receberem as sementes, pois o agricultor advinha estar na eminência da chegada das primeiras chuvas, que na tradicional linguagem popular se diz que fará a terra parir. Hoje, a carne do porco vende-se todo o ano e em qualquer parte, mas na altura as pessoas iam aos gorazes para comprar a primeira marra, como então lhe chamavam, termo que prevaleceu até aos nossos dias, contudo haja muito mais gente a chamar-lhe de entremeada ou barriga e levavam aquela carne como se fosse um mimo que só ali se podia adquirir. Na feira vendia-se então todo o tipo de produtos agrícolas, hortícolas e agro-pecuários, havia um dia para a feira dos burros, que era o dia 15, no dia 16 decorria a feira normal e no dia 17 realizava-se a feira do gado.
Do ponto de vista social, este era um acontecimento de grande importância para a vila, ali acorria gente de todo o lado, uns vinham a pé, outros a cavalo, e pernoitavam na vila, era então que se cantavam os fados à desgarrada, jogava-se às cartas e claro, a festa era também aproveitada para dar início a alguns namoricos.
A nossa vila de Mogadouro, possui feira desde o ano 1290, no entanto, os documentos referentes aos gorazes datam apenas do ano 1760. Esta era a feira mais importante do ano, altura em os mercadores expunham as suas mercadorias em tendas espalhadas por toda a vila. Hoje em dia a feira assumiu um carácter moderno, estende-se pelas principais ruas da vila sim, contudo, concentrada no novo Parque de Exposições, mas continua a atrair muitos visitantes e industriais de todos os ramos, á Vila de Mogadouro.

Programa Feira dos Gorazes 2009


Programa Feira dos Gorazes 2009


terça-feira, 13 de outubro de 2009

I Festival da canção do Planalto Mirandês 1984

Decorria o ano de 1984, quando por intermédio da Associação F.A.O.G. de Bragança, foi organizado o “I Festival da Canção do Planalto Mirandês”.
Este festival tinha como objectivo eleger a melhor canção de entre os vários concelhos do distrito de Bragança, pelo que fora dado pela organização, com tema obrigatório, para todos os poemas das canções concorrentes, Trás-os-Montes.
Após ser eleita a canção vencedora de cada concelho, realizar-se ia uma semi-final em Vimioso, sendo que as canções que ali se apurassem, disputariam a grande final, na Capital de distrito Bragança.
Como tal Mogadouro, realizou no salão dos B.V.M, um concurso para apurar qual seria a canção que iria representar o concelho, na semi-final de Vimioso e quiçá, se acaso fosse eleita pelo júri de Vimioso, representar-nos também na grande final que iria decorrer na Cidade Bragança.
De entre as canções interpretadas pelos artistas da nossa terra, foi eleita como canção que representaria o concelho e Mogadouro o tema, “Sou cavador sou poeta”, composto e interpretado por Carlos Albano e Elisabete Verde, seguindo-se em lugar o tema “Faz-me Lembrar o Passado”, composto e interpretado por Victor Lopes, Amélia Alfândega e Lúcia Alfândega.
Na tentativa de se conseguirem apurar na semi-final de Vimioso, os intérpretes dos dois temas uniram-se, e interpretaram conjuntamente o tema "Sou cavador sou poeta", nesta semi-final e ao que consta sem dificuldade venceram , marcando assim presença na grande final de Bragança.
No dia da Grande final após terem sido interpretadas as melhores canções de todos os concelhos, do distrito de Bragança, verificou se um empate técnico entre a canção que nos representava e a canção que representava a cidade de Bragança, que tinha como titulo “Aguarela Transmontana”, composta e interpretada pelo grupo Sete Mares, empate este ao que me foi contado, “arranjando”, á custa de alguma batotice, e imagine-se só, feita por um Sr. Padre, que fazia parte do júri e que dizia “a capital é Bragança e assim sendo Bragança é que tem de ganhar o festival”, consta que graças ao Dr. Almeida que também este, fazia parte do júri o tema “Sou cavador sou poeta” a muito custo, acabou por sair vencedor e o Sr. Padre Sobrinho como vencido……


--- Bom, fica-vos aqui o tema, Sou cavador sou poeta, que convenci o meu pai, Victor Lopes a tocar e cantar, para o poder colocar aqui no meu blog…

SOU CAVADOR SOU POETA

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

As Minas da Fonte Santa

Há alguns dias atrás, enquanto visitava um Blog dedicado á Aldeia das Quintas das Quebradas, do Concelho de Mogadouro, “O TOMBARINHO”, chamou-me atenção um artigo ali publicado, acerca das Minas da Fonte Santa, e das propriedades curativas , que possui a água que ali brota, de pequenas fendas na rocha.
Pode ainda ler-se naquele artigo, algumas frases que transcrevi, da autoria de um tal Almeida, datadas de 1970.


“ Na encosta da Serra do Valmeirinho encontram-se várias minas de sheelite no sítio denominado Quinta das Quebradas, do termo de Mogadouro. Aqui se tem referido às vezes esta nascente, mas na realidade, embora no limite do concelho marcado pela própria ribeira, pertence a Lagoaça, de Freixo de Espada à Cinta” ( Almeida 1970)

Natureza das águas:

Subgrupo das sulfúreas sódica, hipotermal, alcalino sódicas (Almeida.1970)

Indicações:

“ Em doenças de pele, principalmente nos eczemas crónicos”

“Aqui se juntam os doentes, acampando debaixo de quatro oliveiras, lavando-se na concavidade da rocha tantas vezes ao dia e tantos dias até que se vejam de todo curados.” (Almeida, 1970)

Segundo o autor do artigo, a Fonte situa-se num local de difícil acesso, num lugar denominado por Quinta da fonte Santa, e que uma vez neste local, surgir-nos-á de fronte um vale abrupto, entre gigantescas fragas de xisto, vale este onde corre a Ribeira Santa.
Pois posso-vos dizer que o autor tem toda a razão no que escreveu á cerca deste local, é sem duvida um lugar lindíssimo, e de difícil acesso para curiosos, mas melhor do que vos o descrever por palavras será verem filme que realizei durante a visita.


Um agradecimento especial, ao meu amigo e guia improvisado, Sr. Fernando de Meirinhos, pela disponibilidade e boa vontade que demonstrou, em me acompanhar e transmitir alguns dos conhecimentos que tinha acerca das origens deste local e mutações que ali ocorreram durante a exploração mineira.

A Fonte Santa

sábado, 19 de setembro de 2009

O Jogo da Malha

--- Existem relatos de que a sua origem poderá ser Francesa, ou Italiana, os primeiros chegam-nos por volta do ano de 1490, mas é possível encontrarmos provas da sua existência em documentos franceses, datados de 1464.

Em Portugal, este jogo que consiste no arremesso de malhas de ferro que puderam ser de forma redonda ou não, sempre foi muito popular, com os nomes como Chinquilho ou jogo do Fito, que ao invés de malhas de ferro, são utilizadas para o efeito, pedras que cada jogador molda conforme a sua força e tamanho da mão, para que assim possam ficar a seu jeito.

Tanto o jogo da malha, como também o fito, terão ainda sido em tempos levados ao que consta, para o Brasil por emigrantes portugueses.
Documentos apontam que já no período colonial este jogo era uma prática corrente em terras coloniais Portuguesas. Os trabalhadores da época, terminado o dia de trabalho participavam no jogo da malha como forma de lazer, usavam peças rudimentares como pedras, ferraduras, pedaços de chapas de ferro, variando de formato e tamanho. Os Mecos não tinham o padrão certo, tudo servia, era considerado um jogo de pessoas humildes.

Regras

Cada equipa é constituída por dois elementos, parceiros, podendo contudo ser jogado individualmente , vulgo, mano a mano.
Para jogar, as equipas colocam-se cada uma junto ao seu Meco, de modo a ficarem lado a lado dois adversários. Os dois primeiros jogadores, ao iniciarem cada partida, terão cada um duas malhas que lançarão alternadamente procurando derrubar o Meco da outra cabeceira ou deixar a malha o mais próximo possível e assim sucessivamente.
As malhas costumam normalmente ter um diâmetro de cerca de 10,5 cm e um peso de aproximado de 600 gramas no que toca aos Mecos, terão uma altura de cerca de 20 cm, na maioria das vezes menos e uma base de aproximadamente
3 a 5 cm. A distância máxima entre os Mecos será de 20 m e a mínima de 16 metros.
Na frente dos Mecos, e à distância de um metro, será marcada na perpendicular que delimita a zona de lançamento das malhas.
Todo e qualquer jogador que ao lançar a malha ultrapasse o risco de lançamento previamente marcado pelas equipas, poderá ser advertido ou mesmo penalizado.

Pontuação

Sempre que o Meco for derrubado serão contabilizados 4 pontos para a respectiva equipa.
Depois das quatro malhas jogadas, a que ficar mais próximo do Meco obterá 2 pontos, podendo uma equipa somar 6 pontos se uma das suas malhas for as mais próxima e a outra derrubar o Meco, sendo o parceiro do jogador cuja malha ganhou os pontos quem procederá ao primeiro lançamento das malhas e assim sucessivamente.
Cada jogo termina aos 30 (trinta) pontos e ganha a equipa que primeiro os conseguir atingir.
No nosso Concelho e em minha opinião, penso que este será um dos poucos costumes que não corre ainda risco de cair no esquecimento, é com alguma frequência que ainda se vão realizando aqui e ali, de aldeia em aldeia, um ou outro torneio, que vai juntando os craques, não só do no Concelho de Mogadouro com de Concelhos vizinhos.

Lembro-me quando em criança e junto com alguns amigos, Rui Guimarães, Bruno Mendes, Tiago Leitão, Paulo Guedes, Bruno Leonor e um ou outro mais, que pelo Penedo aparecia, quando nos apetecia jogar á malha, e nos dirigíamos à Taverna do Chico Padrinho como era conhecida na vila, para lhe pedirmos as malhas.


- Oh Sr. Francisco, podia-nos emprestar as malhas se fizer o favor?
- Para onde é que ides jogar?
- Nós vamos jogar ali para a praça...
- Está bem, mas depois trazei-mas cá, se não para a próxima não as voltais a levar!!
- “Está bem, está bem”,
respondia-mos em uníssono.
E sentado no banco, onde aliás sempre estava sentado, por de trás do balcão gritava:
- Oh Zabel (esposa) trás cá as malhas prós garotos;

Mesmo assim eram mais as vezes, que aquelas pobres malhas dormiram ao relento encostadas á parede da Igreja da misericórdia, do que aquelas que eram devolvidas ao Sr. Francisco, o que vale é que naquela altura, ninguém roubava nada a ninguém, ao que se fosse hoje em dia….



---Para quem não conhece o jogo, ou para um ou outro mais distraído, que nunca tenha ouvido deste falar, aqui fica um pequeno vídeo, que realizei com imagens recolhidas na aldeia de Meirinhos.

O Jogo da Malha

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

PERSONAGENS - Ti Serafim


--- Chamava-se, Serafim Fortunato Preto, e era natural do Concelho de Mogadouro, da Aldeia da Figueirinha, Freguesia de Travanca, onde nasceu no dia, 19 do mês de S. João, do ano de 1911.
Sem dúvida que se existe no nosso concelho tradição, de Danças de Paus, Gaiteiros e Caixeiros, é da Freguesia de Travanca, que nos chegam os mais antigos testemunhos.
É disso exemplo, “ ti Serafim”, era assim que era conhecido, hábil Caixeiro da aldeia da Figueirinha, que durante muitos anos, deu ritmo ao som da “ Gaita “, a Arruadas, Alvoradas e a Danças de Paus, pelas aldeias do Concelho de Mogadouro.
Contaram-me que fora por volta dos 15 anos de idade, que se iniciara no instrumento que o acompanhará pelo resto da vida, agricultor de profissão, dedicava-se á criação de gado bovino da raça autóctone, "a mirandesa"e era no final do dia de trabalho, que ensaiava as modas da época e que quando se achava capaz, as tocava em dias de festa da sua aldeia, Figueirinha e em terras vizinhas quando o chamavam.
Dizia que se lhe dava muito bem a sesta, em cima d’uma pedra mal amanhada, que ficava debaixo de uma parreira, que nascera e crescera, estribada numa das paredes da sua curralada, onde guardava o gado e que ainda hoje ali se encontra.
Com muita pena minha de não o ter conhecido pessoalmente, foi por meu grande amigo Rui Preto, neto do próprio, que tomei conhecimento de algumas das suas façanhas e proezas como homem, caixeiro e caçador.
Como testemunho do seu legado, deixou-nos a sua caixa, que ainda em vida, afirmava ter mais de 150 anos, embora esta não tenha encontrado sucessor à altura, é guardada com todo o respeito que merece pela família, se bem que não poucas vezes, tenha sido vítima de pancadas menos melódicas, por parte de alguns curiosos, “como eu”, que não resistem ao velho e tentador instrumento.
Recordo hoje algumas das noites geladas de inverno, daquelas que não se pode andar na rua, passadas em casa do Rui, “neto”, junto da lareira dos seus anexos, na companhia de mais um ou outro amigo, quando depois de um petisco, "por vezes bem regado", este me pedia, “ bá… vai lá buscar a viola e toca lá uma musiquinha”, pedido ao que com todo o agrado acedia, nunca antes sem que este disse-se, “ou, espera aí q´eu já vou buscar a caixa do meu avô”, bons tempos que de quando em vez, não deixam de se repetir. Eis que chegava o Rui sorridente, qual criança com brinquedo em mãos, dizendo “agora é que baí a ser agora ...”, dizendo de seguida o Geiras, “bota cá q´eu toco”, ao que o Rui respondia, “calma espera aí… devagar e sempre já dizia o meu avô”, era sempre necessário colocar o velho instrumento junto da lareira, para que assim aquece-se e as peles de animal que o compõem, ganhassem a elasticidade conveniente para que as cordas laterais se conseguissem apertar, fazendo assim com que o velho instrumento, conseguisse reproduzir o seu som original.
Era então que munidos dos respectivos instrumentos, lá saía uma ou outra musiquita, tocada e cantada, como as mãos e as gargantas o permitiam.
Quanto ao ti Serafim, verdadeiro protagonista desta crónica, deixou de tocar as 85 anos, por força das pernas, que o impediram de fazer aquilo que mais gostava, faleceu com 93 anos de idade, em Mogadouro na casa da Família.



--- Agradecimentos à família pela disponibilização das fotos, com que ilustrei este texto.

Arruada do Grupo de Pauliteiros da Figueirinha no ano 1975.


O velhinho Instrumento


--- Reparem na grossura das baquetes, não delicadas como as de hoje em dia, mas também naqueles tempos as mãos eram outras.

O velhinho Instrumento

-- Vista lateral do velho instrumento.

sábado, 5 de setembro de 2009

NOTA INTRODUTÓRIA


--- Por ser Mogadouro o motivo da criação deste blog, o que de resto será de fácil constatação por parte do leitor, em minha opinião nada melhor do que começar com uma breve introdução à história daquilo que foi e naquilo que se tornou, esta bela vila da Província Transmontana, que tanto orgulha aqueles que um dia ali nasceram, viveram e morreram …


São o Período Neolítico e os seus «castros», os antepassados das nossas povoações actuais, espalhados pelo concelho. São dignos de relevo os castros: de Oleiros em Bemposta, Vilarinho, S. Martinho do Peso, Figueirinha de Travanca, Bruçó e o inédito castro da Vilariça no alto da Serra da Castanheira.Por aqui passaram os Celtas que deixaram restos da sua arte e religião na «Cultura aos Berrões». Uma das tribos celtas mais célebres nesta região foi a tribo dos Zoelas.Estas e outras tribos anteriores fizeram as «civilizações Antigas» dos rios Douro, Sabor e Angueira.O Período Romano no Concelho de Mogadouro está documentado por muitos elementos que vão desde a arte e religião até à vivência sócio-económica.É digna de visita a Ara Romana ao Deus Júpiter Depulsori, conservada ainda na povoação de Saldanha. O monumento foi construído no tempo de Septímio Severo (Séc. III D. C.).Por todo o concelho têm aparecido lápides funerárias e também objectos vários que atestam bem a força da «Romanização» nestas terras.Do período visigótico é a única lápide Paleo-Cristã descoberta no distrito. Apareceu no termo de S. Martinho do Peso e está actualmente no Museu do Abade de Baçal em Bragança.Da época muçulmana restam alguns elementos do artesanato regional - linho e lã - ou seja a tinturaria e os desenhos das colchas, tapetes e toalhas de linho e lã.É mais nítida a acção da gente destas terras nos alvores da nacionalidade.O castelo de Penas Róias foi construído no tempo de D. Afonso Henriques. Na padieira da porta da torre de menagem daquele vetusto monumento diz uma inscrição medieval que « COMEÇARAM OS FUNDAMENTOS DO CASTELO CHAMADO PENA ROIA NA ERA DE 1204 (1166 da era cristã) SENDO MESTRE GERAL DOS TEMPLÁRIOS GUALDIM PAIS ». O castelo de Mogadouro é da mesma década.D. Afonso III deu foral a Mogadouro em 1272 e 1273.Quando da crise dinástica de 1383-85, Mogadouro tomou voz pelo rei de Castela, como represália, D. João I elevou a vila a «poboa» do Azinhoso, desligando-a de Mogadouro.Durante o século XVI a vila de Mogadouro manteve-se parada.
Foi a partir do século XVI que Mogadouro teve progresso notável. A família dos Távoras, que nesta altura toma o comando da vila e da sua fortaleza, contribuiu imenso para o desenvolvimento desta terra.
Foi por acção dos Távoras que, em 1559, se fundou a Santa Casa da Misericórdia , e mais tarde o seu templo. São ainda obra da nobre família dos Távoras a ponte entre Valverde e Meirinhos, construída em 1677 e a ponte de Remondes entre Mogadouro e Macedo de Cavaleiros, construída em 1678.Também aquela família de nobres contribuiu para a construção de algumas igrejas e retábulos nas várias povoações do concelho, nos séculos XVII e XVIII, sendo dignas de relevo as obras do Convento de S. Francisco, a actual igreja Matriz de Mogadouro, a capela de N. Senhora da Ascensão no alto da Serra da Castanheira e outras.Poscritos do Reino de Portugal por D. JoséI, depurados nas pessoas confiscados nos bens pelo Marquês de Pombal, os Távoras desapareceram para sempre.Com a morte dos Távoras, o concelho de Mogadouro ficou mais pobre. Durante o século XIX as famílias influentes de Mogadouro pouco fizeram pela sua terra.Levantou-se, no fim do século, a voz combativa do «poeta» jurista Trindade Coelho para defender a sua terra, mas nada adiantou.Esta terra foi e continuou por muito tempo esquecida dos poderes centrais.
Hoje, Mogadouro é uma populosa vila cheia de progresso e com óptimas condições para o futuro.No campo cultural Mogadouro tem Escola Preparatória, e Escola Secundária.Nas povoações do concelho funcionam, com muita actividade, trinta Associações Culturais e recreativas coordenadas pelo Projecto Cultural (experimental) integrado, com sede em Mogadouro.Existem ainda na vila dois excelentes «Conjuntos» musicais e uma banda filarmónica.
Fonte: Dr. António Rodrigues Mourinho (Junior)http://www.mogadouro.com/

Apresentação do Concelho de Mogadouro