quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

LENDA DE CASTRO VICENTE



Conta a lenda que, pelo século VIII da era cristã, quando os Mouros dominavam ainda a Península Ibérica, por terras do nordeste transmontano, havia um Mouro de seu nome Tarik que se encontrava na fortaleza do Monte Carrascal onde se localiza hoje o Santuário de Nossa Senhora de Balsemão, da freguesia de Chacim, (Concelho de Macedo de cavaleiros), este impunha as mais cruéis condições às populações cristãs. Entre essas prepotências, impôs o vil tributo das donzelas o qual consistia em que cada uma que casasse, em vês de passar a noite no leito nupcial tinha que passá-la com o execrável rei mouro.

Acontece que uma formosa donzela de seu nome Teodolinda do lugar de Castro foi pretendida pelo filho do chefe " dos Cavaleiros das Esporas Doiradas" (de Alfândega).

A jovem honesta e digna recusava-se ao casamento, para não se sujeitar ao "tributo das donzelas "que o infame Mouro do Monte Carrascal exigia.

O noivo garantiu-lhe que o Mouro não a obrigaria a prestar esse tributo, porque no dia do casamento mobilizaria os "Cavaleiros das Esporas Doiradas",

para fazerem frente ao cruel e tirânico Mouro.

Numa manhã radiosa, os noivos e muito povo dirigiram-se para a capela do Santo Cristo da Fraga, onde se realizaria os esposais. Depois da cerimónia, quando o cortejo regressava a casa dos pais da noiva, um possante e fero Mouro, cumprindo as ordens do "Emir" do Monte Carrascal raptou a

noiva e colocou-a no cavalo, sendo acompanhando por uma grande e terrível escolta de soldados mouros. Ainda não tinham chegado os "Cavaleiros das

Esporas Doiradas".

Quando estes chegaram dirigiram-se para o Monte Carrascal, seguindo à frente o noivo muito desorientado. No sopé do Monte Carrascal, travou-se um terrível combate entre Mouros deste monte e os Cristãos de Castro, de Alfândega e

demais povoações circunvizinhas.

No ardor do combate, apareceu no céu, a imagem branca de Nossa Senhora, qual Divina Enfermeira, com um vaso de bálsamo na mão a curar os Cristãos feridos que, de novo, voltaram para o combate.

O noivo conseguiu penetrar na alcova do cruel e tirânico Mouro, " o Emir" a quem, com uma espada, decepou a cabeça; e ao seu encontro, vem a sua esposa já desfalecida, mas ilesa do nefando " Tributo".

Deste acontecimento resultou o nome de Castro Vicente (em documentos antigos aparece com a designação de Vencente), pela vitória alcançada. Alfândega, nome de origem árabe (Alfândaga) recebeu o nome de Alfândega da Fé. A chacina dos Mouros deu nome a Cachim e o bálsamo com que nossa senhora trazia na mão para corar os cristãos, terá dado o nome a Balsemão.


in: Cancioneiro Transmontano


Acerca da capela do Santo Cristo da Fraga, que se refere nesta Lenda, conta-se também uma outra lenda bem curiosa, que desde já fica prometida a sua publicação neste Blog, assim que tenha possibilidade de recolher algumas fotos do local, para que esta seja de melhor entendimento por parte do leitor.


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